Fonte: AutoData / André Barros
Os efeitos das medidas de incentivo ao
consumo de veículos, divulgadas ao fim de maio, já refletem positivamente no
dia-a-dia da indústria. Décio Carbonari de Almeida, presidente da Anef, afirmou
que o número de fichas para financiamento aprovadas cresceu substancialmente
nas duas últimas semanas:
"Antes das medidas, de 40% a 50%
dos pedidos enviados aos bancos das montadoras eram aprovados. Após, este
índice subiu para além de 60%".
De acordo com o executivo o mercado
retomou o otimismo, com aumento no fluxo de clientes nas concessionárias e de
consultas com relação a financiamentos, além da própria elevação de fichas
aprovadas. Salientou, entretanto, que "o resultado das vendas no mês de
maio ainda não refletiu este novo cenário".
Décio Almeida citou três razões para a
redução no volume de aprovações de fichas até então verificado e, por consequência,
da baixa de 5% nas vendas de automóveis e comerciais leves no mercado interno
no acumulado até maio: 1) alta da inflação, que comprometeu a renda dos
consumidores, 2) as medidas macroprudenciais tomadas pelo governo no fim de
2010 e 3) o próprio endividamento das famílias.
O presidente da Anef complementou
revelando que, apesar do crescimento da inadimplência, a quantidade de veículos
retomados pelas financeiras dos clientes em débito cresceu em menor proporção.
"As últimas medidas de incentivo ao crédito devem ajustar a cadeia e, nos
próximos meses, poderemos observar queda no nível de inadimplência."
Fonte: AutoData / Maira Nascimento
No fim de 2011 os sistemistas já esperavam alguma redução
da produção para 2012, mas não da maneira como ocorreu, especialmente no
segmento de caminhões. Representantes de Delphi, Eaton, Ingepal e MWM
International pediram mais diálogo com as fabricantes de veículos para
equalizar de forma mais suave as variações de pedidos ou seja, a diferença do
que é solicitado inicialmente aos fornecedores para o que efetivamente é
entregue às linhas de montagens.
A
Eaton projetara menor produção para este ano ante 2011 mas, de acordo com
Ricardo Dantas, seu diretor comercial, a retração real foi maior que a
esperada. "O que mais preocupa são os cortes de produção abruptos, não
planejados." O executivo afirmou que em muitos casos as montadoras apenas
deram às costas aos problemas de seus estoques: "Quando precisaram,
fizemos de tudo para dar conta dos pedidos, inclusive transporte aéreo." A
empresa acumula atualmente, segundo seu diretor, estoque de peças para cerca de
um mês de fornecimento.
J. R.
Santiago, diretor comercial da Ingepal, também participante do painel, afirmou
que a empresa vive situação parecida, com altos estoques próximos a dois meses:
"falta uma melhor gestão de planejamento da produção pelas
montadoras". Das cerca de 11 mil toneladas de aço consumidas ao ano pela
Ingepal 70% destinam-se à produção de parafusos para aplicação específica:
requerem composição química especial e, portanto, "precisam ser produzidos
com certa antecedência".
J. R.
Santiago queixou-se ainda do que chamou de falta de coerência dos volumes
indicados pela projeção das fabricantes para as entregas efetivadas. Segundo o
executivo atualmente a empresa produz apenas 55% do que foi planejado
inicialmente e dentro deste total entrega de fato cerca de somente 60%.
A MWM International já revisou para baixo seu volume de
produção para este ano, segundo seu presidente José Eduardo Luzzi, também
participante do painel. A solução encontrada pela empresa para driblar o
cenário foi explorar outros nichos, como o de motores para
aplicação fora de estrada: "Alteramos nossa comunicação e estratégia de
vendas para estes outros produtos e conseguimos elevar as vendas do segmento em
10%".
Ainda assim a fabricante de motores
atualmente trabalha com menor carga horária e equivalente redução de salários,
para que, segundo Luzzi, os postos de trabalho sejam preservados e o ritmo na
linha de montagem volte ao padrão quando o segmento de caminhões recuperar-se
em níveis produtivos.
Gábor Deák, presidente da Delphi,
completou o painel e ressaltou que a desaceleração do mercado brasileiro está
freando também diversos planos de expansão no País: "Investimentos em
aumento de capacidade e contratação de mão de obra estão suspensos até que a
esperada reação positiva do mercado brasileiro aconteça de verdade".
Fonte: AutoData / André Barros
O desconto no IPI promovido pelo
governo no fim de maio, em esforço conjunto com montadoras, concessionárias e
instituições financeiras até 31 de agosto, precisará ser mantido além deste
prazo para que o mercado permaneça aquecido. A opinião é de Lélio Ramos,
diretor comercial da Fiat Automóveis. O executivo mostrou à plateia no
Seminário um ponto de interrogação ao abordar a projeção de mercado da
fabricante para este ano. E reconheceu: "acho que é a primeira vez na vida
que faço isso".
Lélio Ramos explicou que as vendas
poderão alcançar de 3,3 milhões a 3,6 milhões de unidades, a depender do prazo
de vigência do desconto no IPI. "A Lei diz que o prazo final é 31 de
agosto, mas gostaríamos que fosse estendido".
Argumentou o executivo que
historicamente o governo não perde arrecadação com a redução do IPI outros
tributos gerados com o aumento da demanda compensam a renúncia fiscal do
imposto. O resultado da medida recente, afirmou, foi imediato: "Estávamos
com média diária na faixa de 13 mil veículos licenciados ao dia, que já subiu
para 18 mil. Os consumidores correram para adquirir veículos".
Já faltam inclusive alguns modelos na
rede Fiat, afirmou o diretor: Grand Siena, Novo Palio e Strada cuja versão
renovada será lançada ainda esta semana não têm entrega imediata disponível por
conta do repentino aumento na demanda. "Ajustaremos a produção
continuamente para suprir o mercado."
A fábrica de Betim, MG, onde são
produzidos os modelos, recebe investimento de R$ 7 bilhões para elevar a
capacidade de produção. Outros R$ 3 bilhões são aplicados em Goiana, PE, para a
construção de sua segunda unidade produtiva no Brasil, a terraplenagem está em
estágio avançado e a fabricante já começou a selecionar fornecedores para
compor o parque que será integrado à unidade.
Volkswagen estima alta de 4% no
mercado
Fonte: AutoData /
Viviane Biondo
A
redução do IPI foi muito bem vinda, mas ainda faltam medidas para estimular o
crédito no País. A avaliação foi feita por Carsten Isensee, vice-presidente de
finanças e estratégia corporativa da Volkswagen. Na avaliação do executivo uma
combinação de taxa de juros mais baixa, volume de crédito maior e aumento dos
prazos de financiamento, bem como redução do valor de entrada, é essencial para
manutenção de mercado interno em crescimento.
Carsten
Isensee apresentou projeção de mercado interno em alta de 4% para 2012 em linha
com os números atuais da Anfavea. Por seus números, o salto representará 3,75
milhões de automóveis e comerciais leves comercializados no País neste ano.
Carsten
Isensee afirmou à plateia: "De acordo com minha experiência, que inclui os
períodos de crise de 2008 e 2009, este deverá ser o resultado de mercado neste
ano. É verdade que o Brasil será afetado pela crise europeia, mas acredito que
não o será duramente". O vice-presidente salientou ainda que nenhuma
paralisação produtiva está prevista para as unidades da fabricante no País,
Anchieta, no Grande ABC paulista, São José dos Pinhais, PR, e Taubaté, SP, para
o segundo semestre. A projeção atual de produção da empresa em 2012 é de
aproximadamente 800 mil unidades, similar à do ano passado.
Carsten
Isensee lamentou, entretanto, a medida governamental que deu origem às cotas de
comércio automotivo do Brasil com o México, válidas para os dois países. O
executivo calcula que a Volkswagen respondeu, no ano passado, por 44% de todos
os embarques nacionais de automóveis e comerciais leves para o parceiro
comercial da América do Norte. Com a adoção das cotas este índice será reduzido
para 18%, afirmou: "fomos prejudicados".
Anfavea: novo cenário estará mais claro de 30 a 60 dias.
Fonte: AutoData / Maira Nascimento
Os primeiros resultados de vendas após
o anúncio da redução do IPI foram bastante positivos, segundo Luiz Moan,
vice-presidente da Anfavea. O executivo encerrou os trabalhos do Seminário
AutoData Revisão das Perspectivas 2012, em palestra realizada no fim da tarde
de ontem, dia 11, no Hotel Sheraton WTC, em São Paulo.
De acordo com o executivo apenas no
período de 1º a 6 de junho a média diária de vendas alcançou 16 mil unidades,
resultado 22% acima das vendas do mesmo período de maio e 24% melhores daquelas
da primeira semana de abril.
Embora este seja um claro sinal de
reaquecimento, Luiz Moan afirmou à plateia que ainda é cedo para promoção de
novas projeções anuais de mercado interno e produção pela entidade ainda que Cledorvino
Belini, presidente da Anfavea, tenha afirmado no início do mês que novos
números poderiam ser revelados em julho.
Para Luiz Moan ainda serão necessários
de 30 a 60 dias para análise mais aprofundada das reações do mercado. O
palestrante reafirmou a posição da Anfavea em desconsiderar a possibilidade de
postergação do incentivo da redução do IPI até o fim do ano a entidade credita
iniciativas ligadas ao setor financeiro como suficientes para assegurar o
aumento das vendas nos meses seguintes: "A liberação do compulsório e o
aumento da aprovação dos financiamentos estão mais atrelados ao aumento das
vendas do que a própria redução do imposto".
Segundo a Anfavea atualmente de cada
dez solicitações de financiamentos sete são aprovadas, antes das medidas,
apenas quatro em cada dez eram aprovadas.
O segmento de caminhões, complementou
Luiz Moan, deve passar a partir de agora por recuperação de mercado. "O
Governo Federal já sinalizou que liberará mais verba para as obras de
infraestrutura, o que deverá reaquecer as vendas destes veículos."
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