Com os últimos lançamentos,
o segmento melhorou em quantidade e qualidade.
Por Paulo Campo Grande | fotos:
Marco de Bari - Revista Quatro Rodas abril/2012
Quem gosta de picapes pode
comemorar. De uma hora para outra a oferta se renovou e cresceu. Só a Chevrolet
S10, lançada mês passado, chegou com uma dúzia de versões. E a Amarok, que
ganhou câmbio automático este mês, agora tem nove configurações diferentes.
Vários fatores contribuíram para esses lançamentos. O mercado brasileiro, que
há cinco anos era tido como lento no retorno dos investimentos, ganhou
relevância. A concorrência aumentou. E as fábricas tiveram de adequar as
picapes às normas da nova fase do programa de controle ambiental Proconve. As
novidades não ficam por aqui. A Mitsubishi também apresentou mudanças na L200
Triton. E a Ford lança a nova Ranger, no mês que vem. Aqui, alinhamos as
versões topo de linha, equipadas com motor diesel, cabine dupla e tração 4x4,
que são as configurações mais vendidas. Além da avaliação na pista e no dia a
dia, levantamos o que cada uma oferece em equipamentos, custo de seguro (para
um proprietário com perfil conservador) e peças (a cesta básica inclui par de amortecedores,
jogo de pastilhas de freio e farol e retrovisor esquerdos). Veja a seguir como
cada uma delas se saiu.
4º- Toyota Hilux Os
fãs da Toyota evocarão a liderança do segmento, a satisfação dos proprietários
e a qualidade do atendimento pós-venda da marca - que são aspectos importantes.
Neste confronto, contudo, a Toyota Hilux foi ultrapassada pelas rivais. Lançada
em 2005, ela sente o peso do tempo, apesar das melhorias que recebeu nos
últimos anos. É a única das quatro que ainda tem engate mecânico para a tração
(4x2, 4x4 e 4x4 reduzida). Chevrolet S10 e Nissan Frontier contam com engates
eletrônicos e a VW Amarok tem tração 4x4 permanente. Antigamente, valia o
argumento de que o sistema mecânico era robusto, mas hoje a eletrônica já se
provou confiável. Também o motor da Hilux é o mais fraco do comparativo, apesar
de apresentar o maior deslocamento. O 3.0 da Toyota gera 171 cv de potência e
36,7 mkgf de torque, enquanto o 2.8 da Chevrolet produz 180 cv e 47,9 mkgf, o
2.5 da Nissan entrega 190 cv e 45,8 mkgf e o 2.0 da VW chega a 180 cv e 42,8
mkgf. A Hilux manteve a majestade no design. Ela passou por uma reestilização
este ano que atualizou seu visual, com a substituição de grade dianteira,
faróis, lanternas, capô, para-choque e espelhos retrovisores, agora com
repetidores. Por dentro, as mudanças estéticas se concentraram no grafismo dos
instrumentos e em detalhes prateados em console, volante e alavanca do câmbio.
Mas a versão top SRV se destaca pelo aumento de itens no pacote de equipamentos
de série, que inclui ar-condicionado automático e digital, central multimídia,
Bluetooth, câmera de ré e de GPS e bancos elétricos, entre outros. A única
concorrente que consegue encarar a Hilux com esse conteúdo é a Amarok, que é a
mais completa do comparativo - ainda assim, tem sensor de estacionamento no
lugar da camera de ré e oferece GPS só como opcional. Mas esse pacote de
equipamentos da Hilux não sai de graça. Pelo contrário. Com preço sugerido de
141 920 reais, a Hilux SRV é a mais cara do confronto.
ü DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Como as rivais, ela também privilegia o conforto. Mas
sofre ao passar por irregularidades. Foi a melhor nas frenagens.
★★★★
ü MOTOR E CÂMBIO Com rendimento
menor, Hilux ficou para trás na pista de testes.
★★★
ü CARROCERIA Apesar da idade, o
visual permanece atual. Seu acabamento é de qualidade superior.
★★★★
ü VIDA A BORDO Bem equipada, a
Toyota trata bem seus ocupantes, mas atrás poderia melhorar.
★★★★
ü SEGURANÇA Tem ESP e duplo
airbag.
★★★★
ü SEU BOLSO É a mais cara do
comparativo
★★★
3º- Nissan Frontier A Nissan Frontier
é a picape mais barata do comparativo. Com preço de 128 990 reais, ela custa 12
930 a menos que a Hilux. Como não existe almoço grátis, a Frontier LE Attack
dispensa alguns luxos como GPS e camera de ré, presentes na rival Hilux, e
também equipamentos importantes, como ESP (que não está disponível nem como
opcional), e úteis, como computador de bordo. Ela traz o essencial: duplo
airbag, ABS, piloto automático, ar condicionado e som. A antena de recepção do
rádio denuncia a idade do projeto (a Frontier foi lançada no Brasil, em 2007).
Em forma de haste e instalada no para-lama dianteiro, ela se torna fonte de
ruídos, quando a picape vai além de 100 km/h, ou quando, devagar, a haste bate
no teto ou no portão da garagem. As antenas da S10 e da Hilux são pequenas e
ficam no teto, e a da Amarok vai embutida no retrovisor externo. A Frontier se
destaca quando o assunto é desempenho. Seu motor é o mais potente e isso ficou
evidente na pista, onde a picape cravou o melhor tempo nos testes de
aceleração, fazendo de 0 a 100 km/h em 11 segundos, e se revelou a mais
econômica. A Frontier conseguiu as médias de 10,5 km/l no ciclo urbano e 12,5
km/l no rodoviário, enquanto a Hilux terminou com as médias de 9,5 km/l e 11,2
km/l, respectivamente. Ainda na comparação com as rivais, a Frontier também
oferece bom espaço interno, embora quem viaje atrás fique com os joelhos em
posição mais alta que os quadris e as costas em posição menos reclinada que nas
outras picapes. Sua direção também é leve e não exige esforço. Mas a suspensão,
apesar de oscilar menos que a da S10, o que é bom para a dirigibilidade, é
menos eficiente para filtrar as irregularidades do piso. Seu tanque de
combustível, de 80 litros, é o maior do comparativo e o revestimento dos bancos
da Frontier é o único que mistura couro sintético com couro natural. Pelo
resumo da obra, ela fica com o terceiro posto.
ü DIREÇÃO, FREIO E
SUSPENSÃO A direção é leve e a suspensão, confortável e não pula muito.
Poderia frear melhor.
★★★
ü MOTOR E CÂMBIO Foi o melhor
rendimento na pista de testes.
★★★★
ü CARROCERIA Acabamento de boa
qualidade, sem parecer luxuoso. Estilo meio cansado.
★★★
ü VIDA A BORDO Gostosa de
dirigir, motor silencioso... Atrás, entretanto, falta espaço para as pernas.
★★★★
ü SEGURANÇA Tem o essencial:
ABS, EBD e duplo airbag.
★★★★
ü SEU BOLSO Custa menos e tem
peças mais baratas que a média.
★★★★
2º- Chevrolet S10 O que mais chamou
atenção na Chevrolet S10, neste comparativo, foi o design. Alinhada com as
concorrentes, mais sóbrias e conservadoras, a S10 se destacou com a grade
dianteira ampla, os faróis delicados para uma picape, a linha ascendente na
base dos vidros e os cromados, ao redor da grade, dos faróis de neblina e nos
retrovisores. Internamente, seu painel se assemelha ao de um automóvel e há
detalhes interessantes, como os mostradores redondos com molduras quadradas -
inspirados no cupê esportivo Camaro - e os frisos em forma de colchete, nos
raios do volante, que ecoam as formas das saídas de ar, no alto do console. A
central de comandos redonda do ar-condicionado definitivamente não conversa com
o sistema de som retangular. Mas até essa quebra de harmonia atrai o olhar de
quem entra na cabine, assim como o contraste entre a simplicidade do acabamento
plástico e a sofisticada aparência dos bancos de couro (sintético), da
iluminação azul dos instrumentos e da manopla de câmbio cromada. Nos demais
aspectos analisados, a S10 se revelou apenas discreta. No que diz respeito aos
equipamentos, a Chevrolet não fez sombra à Toyota. E, em relação ao desempenho,
ficou atrás da Nissan. Não foi só pelo visual, no entanto, que a S10 conquistou
o segundo lugar neste confronto. Seu mérito surgiu no equilíbrio de seu
conjunto, com saldo favorável entre prós e contras. Entre os aspectos
positivos, a S10 reúne câmbio automático sequencial de seis marchas com opção
de trocas no modo manual (recurso que só a Amarok compartilha), menor diâmetro
de giro (o que revela que ela é mais fácil de manobrar) e presença de
equipamentos importantes como o ESP e o cinto de segurança de três pontos na
posição central traseira (que nenhuma das outras tem). Ao volante, a S10
privilegia o conforto. Sua direção é leve e a suspensão, macia até demais. Das
quatro picapes avaliadas aqui, a S10 é a que mais pula e inclina nas curvas.
ü DIREÇÃO, FREIO E
SUSPENSÃO A direção é leve, mas precisa. A suspensão deixa a picape inclinar
e pular. Freios tiveram desempenho regular.
★★★
ü MOTOR E CÂMBIO O motor tem
bastante torque e o câmbio sequencial de seis marchas tem modo de troca manual.
★★★★
ü CARROCERIA Tem estilo moderno
e construção de boa qualidade.
★★★★
ü VIDA A BORDO Bom espaço interno
e acabamento com materiais de qualidade intermediária.
★★★★
ü SEGURANÇA A versão LTZ tem
ABS, duplo airbag e ESP.
★★★★
ü SEU BOLSO Peças, seguro e
garantia na média da categoria.
★★★
1º- Volkswagen
Amarok Ao
lançar a Amarok, em 2010, sem a opção do câmbio automático, a VW ficou fora de
uma importante fatia do mercado. O deslize está sendo reparado agora, com ares
de quem quer recuperar o tempo perdido. A Amarok chega com um câmbio automático
cheio de recursos. A caixa tem oito marchas, que o motorista pode usar nos
modos automáticos Drive ou Sport (que realiza trocas em regimes mais elevados)
ou optar pelas mudanças manuais. A primeira é uma marcha reduzida e as duas
últimas são do tipo overdrive, para economizar combustível em velocidades de
cruzeiro. Como a transmissão é integral e permanente, não é necessário escolher
o tipo de tração (4x2, 4x4 e 4x4 reduzida). Se precisar de força para vencer um obstáculo, é só fixar a primeira marcha e acelerar. Nas outras
situações, basta deixar a picape trabalhar. A Amarok possui um diferencial
central que se encarrega de distribuir a força entre os eixos, de acordo com a
necessidade. No uso normal, a divisão é na razão de 40% para a frente e 60%
para trás. Mas pode chegar a apenas 80% em um dos eixos, dependendo das
condições de aderência. Ainda assim, o sistema conta com a possibilidade de
bloqueio do diferencial traseiro, o que ajudaria a picape a sair de um
atoleiro, por exemplo. O sistema de freios tem ABS com EBD e BAS, sistema de
controle de filme de água nos discos RBS e modo de operação Off-Road,
específico para pisos sem pavimentação. Nas descidas, o sistema HDC (Hill
Descent Control) mantém a picape em velocidade sob controle. Nas arrancadas,
nas subidas, o HSA (Hill Start Assist) segura a picape por até 3 segundos, para
dar tempo ao motorista de acelerar sem que o veículo se movimente. A bordo
também não faltam itens que tornam a vida de todos melhor. A Amarok é a única
com ar-condicionado dualzone, volante com ajuste de altura e profundidade e
tomada 12 V na caçamba. Sua suspensão oscila tanto quanto a da S10, mas são
vibrações mais breves.
- DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Direção direta e suspensão mais firme que a das rivais, mas confortável. Freou bem.★★★★
- MOTOR E CÂMBIO O rendimento do conjunto ficou na média da categoria. A transmissão, por sua vez, é show.★★★★★
- CARROCERIA Com design atual e construção sólida, apesar do excesso de plástico no painel.★★★★
- VIDA A BORDO Seu motor é o mais silencioso, o banco traseiro é confortável. Há boa oferta de equipamentos.★★★★★
- SEGURANÇA ESP é opcional, mas a Amarok tem diversos recursos exclusivos.★★★★★
- SEU BOLSO Nos primeiros quarto meses de lançamento, o Banco VW oferece seguro por 4 000 reais, 3% do preço da picape.★★★★
Lançada em 2007, a Mitsubishi L200 Triton não teve mudanças significativas, além da versão V6 Flex apresentada em 2010. Este ano, a fábrica está ampliando a linha, com a criação de três versões de entrada (GL, GLS e GLX), e introduzindo alterações no motor diesel, para atender às normas da nova fase L6 do Proconve. Por causa das mudanças, o motor 3.2 que contava com 165 cv a 3 200 rpm ganhou 5 cv, chegando a 170 cv a 3 500 rpm - contudo, perdeu 3,1 mkgf de torque, passando de 38,1 mkgf a 2 000 rpm para 35,0 mkgf, na mesma rotação. O motor da Triton tem injeção direta do tipo common-rail, turbo e intercooler. E a transmissão é integral, com engates mecânicos, para os modos de tração 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida. A versão topo de linha, HPE, conta com câmbio automático de quarto marchas. E entre os equipamentos de série, Segundo a fábrica, ela traz capota marítima, faróis de neblina, ar-condicionado, bancos de couro, sistema de som, piloto automático, freios ABS e duplo airbag. Seu preço sugerido é de 125 990 reais. Visualmente, a única novidade na linha 2012 é a grade dianteira, com novas aletas. Nós pedimos a L200 para alinhá-la com as demais neste comparativo, mas, como de costume, a fábrica não disponibilizou sua picape para teste.
Os argentinos já têm a nova Ford Ranger, nas lojas. Mas nós precisaremos esperar mais um mês. Apesar de ser o mesmo carro, a versão brasileira tem suas particularidades, por isso a fábrica ainda faz mistério sobre o que vem por aí. Pelas informações que nos chegam, é possível antecipar que a Ranger brasileira terá duas versões de motor: diesel e flex. O motor diesel sera um 3.2 turbo, com 200 cv de potência e 47,9 mkgf de torque. Assim, a Ranger vai roubar da Frontier o título de mais potente do mercado e dividir as honras do maior torque do segmento com a S10, que tem exatamente o mesmo volume de torque. O motor flex será o novo 2.5 que virá a bordo do Fusion, no segundo semestre. Haverá dois tipos de câmbio: manual e automático, ambos com seis marchas. E os sistema de tração vai contar com seletor eletrônico para os modos 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida. A versão topo de linha será bem completa. Ela terá bancos de couro, piloto automático, ar-condicionado dual-zone, ABS, ESP, seis airbags e central multimídia com tela LCD de 5 polegadas, com sistema Sync e GPS. Ainda não é possível prever os preços da linha, mas pode-se imaginar que, por razões estratégicas de posicionamento, ficarão parelhos com os da concorrência.
VEREDICTO
A superioridade da Amarok é notória em tecnologia, dirigibilidade e segurança. No equilibrado Segundo pelotão, a S10 se vale de novo visual e equipamentos importantes. A Frontier é dona do motor mais potente e, em consequência, do melhor desempenho. E a Hilux faz bonito na qualidade e nos equipamentos, como camera de ré e GPS.
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