segunda-feira, 23 de abril de 2012

Aceleramos o novo Volkswagen CC na França

O sedã com jeitão de cupê abandonou a família Passat para voar mais alto


De revista autoesporte em:02/04/2012


Depois muitas reclamações, VW mudou dianteira do CC, com lanternas integradas à grade dão ar sofisticado
Você já se confundiu e chamou sua namorada ou mulher pelo nome da ex? Pois é, a coisa pode ficar feia. Eu nunca cometi esse erro, mas fiquei com receio de cair na armadilha. Por isso treinei bastante para o meu primeiro encontro com o novo Volkswagen CC. Afinal, o cenário era perfeito: as ruas estreitas da Riviera Francesa, em meio ao glamour e beleza ideais para estreitar uma relação. Tudo o que eu não precisava era estragar o encontro e chamar o sedã esportivo de “Passat” na frente dele.
Mas por que o modelo está tão sensível com a troca de nomes? Parece que tudo começou quando o Passatchegou aos EUA. Lá, o sedã se transformou em um veículo barato, vendido como um popular da marca. Então, é tudo uma questão da imagem que o antigo Passat CC gostaria de manter. E se a questão é imagem, a VW teve um trabalho duro com a reestilização do modelo. As mudanças não foram grandes, mas precisavam pontuar justamente o luxo e a elegância que o CC oferece em relação à linha Passat.

Desenho das rodas muda de acordo com a motorização; aqui, a versão topo de linha 3.6 V6 de 300 cv

Tudo começa com a dianteira, que exibe a grade padrão da VW, mas com adaptações. Ela foi trabalhada em três texturas e tons diferentes (preto, prata e cromado) e é acompanhada pelo novo conjunto de faróis bixenônio. O logo ficou maior e mais tridimensional. O toque de agressividade aparece na linha que nasce na coluna do para-brisa, torna-se um vinco ao longo do capô e segue pela grade para terminar sob as luzes de neblina. O desenho cria um efeito bumerangue interessante, que diferencia a dianteira desse VW dos demais.
A traseira manteve o desenho praticamente idêntico, com curvas e detalhes esportivos que parecem não conversar com a seção frontal. Destaque para as saídas de escape, que mudam de cor e posição conforme a motorização. Embora seja um projeto indiscutivelmente bonito, fica em um meio-termo entre sedã e cupê, sem nunca se decidir.
Ainda pensando na manutenção da imagem de requinte, o CC será oferecido no Brasil apenas na opção topo de linha. Isso significa que as ponteiras da saída de exaustão do modelo serão cromadas e posicionadas uma em cada extremo da traseira. Sinal de que, sob o capô, está o 3.6 V6 de 300 cv. É um motor de respeito, que emite um ronco grave e constante. O som foi trabalhado com esmero pelos engenheiros da VW, com direito a uma nova vedação da cabine que reduziu seu volume, sem sacrificar a diversão.

Traseira mais despojada não combina muito com a dianteira, mas exalta esportividade

A mediação da conversa entre o V6 e as rodas de aro 17 é feita pela transmissão automática de seis velocidades. Como o trabalho é difícil, ela conta com tecnologia de dupla embreagem DSG. O casamento é perfeito. A aceleração ocorre sempre em crescentes suaves e constantes, o que agradou muito nas sinuosas estradas francesas. Mas outro grande responsável pelo divertido passeio foi o sistema de tração integral 4Motion, que mantém tracionadas as quatro rodas do CC todo o tempo. É verdade que o peso extra deixa o CC menos ligeiro do que o ideal, mas a sensação de controle compensa. “Adotamos o 4Motion, basicamente, para tornar o V6 mais seguro. Toda essa potência aplicada apenas nas rodas dianteiras pode ser forte demais”, explica Bjoern Homann, gerente de projeto do CC.


Painel tem acabamento em dois tons que vão dos esportivos aos sóbrios
A VW aferiu 0 a 100 km/h em 5,5 segundos e limitou a velocidade eletronicamente a 250 km/h. A resposta é ágil e estável, acompanhada do agradável ronronar do V6. O ajuste da suspensão pode ser feito pelo toque de um botão, entre “Comfort” e “Sport”, e a diferença é sensível. A cada curva acentuada, o modelo parece pronto para acertar a rota. Pise fundo no pedal e ele calcula a força necessária e divide apropriadamente entre as rodas, como se um copiloto eletrônico fizesse todos os cálculos complicados para você.
O interior reflete bem a dualidade cupê-sedã que faz o CC. A começar pelo acabamento de couro, sempre em dois tons. Os bancos têm desenho esportivo por natureza, com uma clara inspiração nos de competição, mas com todo o conforto e acabamento esperados de um carro de executivo – com direito a sistema de aquecimento. O painel afasta-se da esportividade e usa traços mais conservadores e mostradores arredondados sem grafismos elaborados – com direito até a um relógio de ponteiro no centro do console. Mas os ares de arrojo estão logo ali, como os acabamentos de alumínio (entre as opções, prata e amadeirado claro e escuro).


Bancos têm desenho e formato que parecem estilo concha, mas foco é conforto

A lista de assistentes eletrônicos do modelo é extensa: o de luz dinâmica evita que os feixes ofusquem outros motoristas; o sensor de fadiga identifica e alerta quando o sono bate; o assistente de faixa ajuda a manter o carro dentro do traçado, treme o volante caso o motorista pareça perder o controle da direção e ainda avisa quando há algum veículo nos pontos cegos. Para completar, o carro pode estacionar sozinho, graças ao Park Assist II. Basta apertar um botão e controlar o acelerador enquanto o volante faz as manobras.

 O preço do novo Passat CC em reais ainda não está definido. Ele deverá ficar mais caro que o atual não apenas pela alta do IPI, mas também para reposicioná-lo no mercado de luxo. Sua chegada por aqui está programada para o segundo semestre. Será a ocasião ideal para um segundo encontro, onde andaremos pelas estradas do Brasil. Espera aí, eu chamei o VW CC de Passat? Ah, droga...

Motor para o Brasil será V6 de 300 cv; assistentes eletrônicos trabalham como copiloto